
Quando comecei a procurar sobre a Namíbia, uma das coisas que me surpreendeu foi a quantidade de gente viajando de forma independente. Por ser um país com baixa densidade populacional e, em grande parte, desértico, eu havia imaginado que a infraestrutura também deixaria a desejar e, portanto, viajar sozinho seria quase impossível. O fato é que a maioria dos visitantes assim o faz e a demanda se dá porque a estrutura do país consegue acomodar viajantes independentes, com uma ampla rede de estradas em estado relativamente bom de conservação e campings nos locais estratégicos.
Nossa viagem, inicialmente, era somente para a África do Sul, mas vendo roteiros na internet vi que a Namíbia era logo ali e pareceu muito possível também conhece-la. Compramos passagens para 22 dias na África do Sul, por isso achamos viável passar 9 dias na Namíbia e matar dois países na mesma viagem.
OS VOOS
Para encaixar a Namíbia, decidimos que chegaríamos à capital Windhoek voando e dali partiríamos, pois chegar por terra a partir da África do Sul tomaria muito tempo.
De acordo com nosso roteiro, o ideal seria sair de Joanesburgo e voltar para a Cidade do Cabo, os dois pontos principais na África do Sul, por isso compramos voos separados, o que felizmente não encareceu muito a viagem. Achamos os melhores preços e horários na Air Namibia, a companhia aérea nacional, e pagamos R$793 por pessoa pelos dois voos. Uma curiosidade é que o valor das taxas é quase três vezes que o da passagem, mas não tem escapatória…
O CARRO
Um dos itens mais importantes no planejamento foi o carro para alugar, pois a maior parte do país só é acessada por terra. Nessas buscas, descobri que existe uma ampla oferta de carros com barracas no teto, ideais para quem quer ficar em campings ou mesmo acampar livremente – algo pouco recomendado por lá, pois além da falta de estrutura, pode significar encontros indesejados com animais ou humanos com más intenções. Optamos pelo carro com barraca um pouco pelo fator econômico, pois seria um pouco mais barato alugar esse tipo de carro e ficar em campings, mas principalmente pelo senso de aventura e a liberdade que o carro-barraca parece proporcionar.
Como a Namíbia é mão inglesa e não dirigimos com frequência, optamos por um carro automático, algo que seria mais caro mas infinitamente mais cômodo. Com esse filtro em mente, busquei diversas empresas de aluguel de carros e me deparei com uma grande diversidade de preços e carros. Algo a ficar atento na busca por carros na Namíbia é o ano de fabricação: imagine um carro que roda constantemente em estradas de cascalho fabricado em 2009? Isso significaria quase 10 anos de estrada, logo a garantia de bom funcionamento ficaria bem mais difícil, por isso, outro filtro que coloquei foi o carro ter sido fabricado no mínimo em 2014. E por fim, o filtro do preço, obviamente.
Como iríamos para a Namíbia na alta temporada – Agosto e Setembro de 2017 – comecei a olhar os carros para alugar em Janeiro de 2017. Pode parecer muito cedo, mas pelo que percebi, eu não era a única e muitas empresas já estavam com todos os carros reservados. Fiz um levantamento de diversas empresas que alugam carros lá, se não todas, e pedi orçamentos por e-mail, a forma mais comum de entrar em contato com as empresas. A maioria me respondeu prontamente e, baseado nos filtros mencionados, escolhemos uma empresa. Na hora do desempate, pesquisei sobre a reputação das empresas na internet para descobrir aquelas mais recomendadas e quais evitar. Além da barraca, a maioria dos carros vêm com equipamentos para cozinhar, mesa e cadeiras e alguns contam até com geladeira.
Na pesquisa pelos carros, descobri algo importante sobre a política de aluguel de carros na Namíbia: o “excess”. Lá, por mais que se tenha algum tipo de seguro externo, como aqueles do cartão de crédito, todas as empresas trabalham com o “excess”, um valor a ser pago caso se tenha algum problema com o carro, como acidentes ou estragos. O valor do “excess” é inversamente proporcional ao valor do aluguel, ou seja, quanto mais se paga no aluguel, menos se paga de “excess”, algo que funciona em níveis chegando à possibilidade do “zero excess”, ou seja, não pagar nada caso se tenha algum contratempo. Pelos nossos cálculos, valeria a pena pagar um valor de aluguel maior e não dever nenhum “excess”, mas isso varia com o tempo de estadia no país e com o valor cobrado por diária.
O ROTEIRO
As distâncias na Namíbia são longas, portanto era importante planejar bem os destinos e os tempos, afinal nós teríamos que dirigir todos os dias, vários quilômetros por dia. Nós pesquisamos os principais destinos do país e infelizmente tivemos que selecionar quais priorizar, pois não teríamos tempo hábil de ver tudo.
As principais atrações da Namíbia são:
- Deserto da Namíbia, Sossusvlei e Deadvlei
- Fish River Canyon
- Etosha National Park
- Luderitz e Kolmanskop
- Swakopmund
- Skeleton Coast Park
- Spitzkoppe
- Região de Kunene e a tribo Himba
Como teríamos feito safári no Kruger Park, na África do Sul, logo nos dias anteriores, pulamos o Etosha, e também desistimos de conhecer os Himba pois ficam no extremo Norte do país, quase na fronteira com a Angola.
Decididos os destinos, planejamos a ordem de visita e os tempos dirigindo, que variam entre 3 e 6 horas por dia, de acordo com o mapa, com algumas paradas adicionais no caminho.
OS CAMPINGS
Decididos os destinos, o último passo era reservar os locais de hospedagem, em sua maioria campings. Para isso, o site Cardboard Box Travel Shop foi de grande ajuda. O portal é uma central de recursos sobre a Namíbia, desde informações turísticas até reserva de carro e hospedagem. Através do site, é possível montar um roteiro de hospedagens, como um carrinho de compras online, e depois pedir uma cotação de tudo. O pagamento é feito antecipado e online através de uma plataforma segura.