
Depois de voltar da Namíbia posso contar como foi acampar nesse país tão maravilhoso! Acampamento é uma forma muito tranquila de se hospedar por lá, os campings são abundantes – para se ter uma ideia, no meio de estradas sem uma alma viva a vista por quilômetros, praticamente “no meio do nada”, haviam campings – e esse é um meio frequentemente escolhido inclusive pelos locais.
Já falei sobre como foi o planejamento dessa viagem, agora vamos à realidade.
OS VOOS
Os voos pela AirNamibia foram muito tranquilos, sem grandes incidentes. É possível fazer check-in com antecedência e os voos internacionais dão direito a 2 bagagens despachadas, o que é mais que a maioria das pessoas acampando vão levar. O café da manhã servido no voo é bem decente quando comparado a outras companhias aéreas.
CARTÃO SIM
Na Namíbia é extremamente importante ter um cartão SIM local que tenha créditos para realizar ligações em caso de emergência. Como reservei tudo através do Cardboard Box, eles mandaram um pacote de boas-vindas para a empresa de aluguel de carros, que é sempre a primeira parada para quem vai dirigir sozinho por lá, e nesse pacote nos mandaram também um cartão SIM. Para quem não recebe o kit, é possível comprar um desses da MTC, a maior das empresas locais, logo no aeroporto.
É importante dizer que esse cartão vai ser usado basicamente para ligações de emergências, pois o consumo de dados é alto e a cobertura do 3G é pequena.
O CARRO
Chegando em Windhoek, alguém da locadora de carros nos esperava para nos levar ao escritório, uma prática que me parece ser comum entre as locadoras. Aluguei o carro da Desert Car Hire, em parte pelo preço e em parte pela disponibilidade – fui em alta temporada e muitas empresas tinham seus carros esgotados meses antes da data. Nos entregaram o carro que reservei, mas tivemos um pequeno contratempo: a barraca não era no teto, como esperávamos e havíamos reservado, era uma barraca de chão. Me foi explicado que quem faz as reservas não tem conhecimento sobre as modalidades de barraca, por isso o erro, então aconselho a quem for reservar que tente confirmar esses detalhes antes de viajar para evitar frustrações. No final das contas não foi um grande problema ter uma barraca de chão, foi apenas um descompasso com as expectativas iniciais; falando com um casal dono de um hotel que ficamos, os dois tipos de barraca têm suas vantagens, portanto não fomos prejudicados pela mudança.
O carro era acompanhado de dois estepes, é fundamental se precaver pois muitas estradas na Namíbia não são pavimentadas. Além disso, o seguro total ou “zero excess” valeu o valor, não tivemos qualquer preocupação em relação à conservação do carro. Esse seguro não cobre danos por direção negligente – aparentemente muitos turistas não respeitam as velocidades limites e abusam dos veículos – mas isso não foi problema pra nós, dirigimos normalmente, sem excessos. É recomendado medir a pressão dos pneus sempre que possível e mantê-los com pressão ligeiramente abaixo do normal, pois as estradas de cascalho pedem pneus mais vazios que as estradas pavimentadas.
AS ESTRADAS
As estradas na Namíbia geralmente são bem conservadas, inclusive algumas que são de terra, o que eles chamam de “gravel roads” ou estradas de cascalho. O problema é: o cascalho faz o carro derrapar quase como água, portanto é necessário ter bastante cuidado ao dirigir nessas estradas, mantendo total controle do volante o tempo todo.
Nosso segundo pequeno contratempo foi um pneu furado saindo do Fish River Canyon, onde as estradas de terra e cascalho eram particularmente judiadas. Felizmente não tivemos um pneu estourado que precisou ser trocado na estrada, algo que pode se tornar um grande problema quando se precisa percorrer muitos quilômetros no mesmo dia, sem tempo a perder. Notamos que havia algo errado já na estrada de cascalho, pois o carro começou a “puxar” para um lado, mas isso ficou mais evidente quando chegamos no asfalto rumo a Luderitz, a cidade “grande” mais próxima. Paramos em Aus, uma currutela no meio da estrada, e no único posto de gasolina da cidade constatamos que o problema não estava na direção e sim nos pneus com pressões diferentes entre eles, sendo que um estava bem abaixo dos outros, justamente no lado para onde puxava o carro. Como tínhamos um cartão SIM conseguimos entrar em contato com a empresa onde alugamos o carro, cujo dono nos instruiu a ir até Luderitz já que Aus não tinha uma borracharia. Em Luderitz novamente ter um número de telefone local nos ajudou, pois a borracharia estava fechada e era preciso ligar para que alguém viesse abrir… Foi constatado o furo no pneu, localizado na área dos sulcos, o que tornava o reparo impossível e nos obrigava a trocá-lo. Nesse momento o seguro total brilhou: pagamos pelo pneu no cartão de crédito, que depois foi totalmente reembolsado pela empresa que nos alugou o carro!

As estradas são cuidadas de tempos em tempos, então nem sempre a opinião de alguém que passou ali há algum tempo é válida. Em momentos fiquei muito assustada com o que me falaram das estradas, mas na maioria das vezes a realidade era muito mais tranquila, então resta a dúvida se as estradas eram realmente ruins ou se algumas pessoas que encontrei resolveram somente me aterrorizar…
Importante: não é recomendado dirigir a noite pela presença de animais na estrada, que podem cruzar o caminho a qualquer momento. De dia é possível se observar diversos bichos, vimos zebras, oryx, avestruz e impalas, mas também cruzam as estradas elefantes, girafas e até leopardos.

O ROTEIRO
Para o tempo que tínhamos disponível, nosso roteiro se revelou apertado, mas não impossível; conseguimos completar todas as rotas, mas em alguns dias ficamos 7 ou 8 horas dentro do carro, algo que pode agradar uns, mas outros não. Isso também significou que vimos alguns lugares com uma certa pressa, onde poderíamos tranquilamente ter dormido mais 1 ou 2 noites. Decidimos que vamos voltar à Namíbia uma dia para rever os lugares que mais gostamos e para conhecer outros, porém com mais tempo e tranquilidade.
OS CAMPINGS
Algo importante a ser dito que eu não sabia antes de planejar as rotas é que alguns campings – os da NWR especialmente, que costumam ser dentro dos parques – têm horário para fechar, que costuma ser “na hora do pôr-do-sol”. Essa falta de precisão do horária criava um pouco de ansiedade para chegar logo, já percorríamos muitos quilômetros por dia, portanto é preciso sair sempre muito cedo para não dar de cara com um portão fechado ou planejar uma rota mais folgada. Esses campings dentro dos parques tendem a ser muito simples, mas são excelentes para aproveitar as atrações ao máximo, pois já se está dentro do território do parque. Outra coisa é que, por serem simples, esses campings tendem a economizar na energia elétrica, o que faz a observação do céu e das estrelas uma atividade a parte.
A maioria dos campings estava de acordo com os reviews do Cardboard Box, onde reservei todos os lugares que ficaria na Namíbia – falei mais sobre isso no planejamento.
COMPRAS
A Namíbia faz jus à sua fama de lugar ermo e despovoado, o que se reflete também na escassez de supermercados. A geladeira dentro do carro foi extremamente útil, pois assim conseguimos estocar algumas comidas frescas para a viagem, já que muitos campings não ofereciam loja e era importante comprar mantimentos sempre que possível. Nos abastecemos umas três vezes ao longo do caminho, a primeira na capital Windhoek, antes de partir, onde compramos todos os mantimentos secos e alguns frescos, além de bebidas, e mais duas vezes nas cidades “grandes”, Luderitz e Swakopmund. Ao longo do caminho nos abastecemos com água (e cerveja) quando possível, porém recomendo comprar o máximo de coisas possível antes de cair na estrada.