No deserto é comum encontrar plantas com espinhos
Saindo de Torrance Bay, na Costa dos Esqueletos, rumamos um pouco para oeste e saímos do parque através do outro portão, o Springbokwasser Gate, para fazer um caminho que, mesmo que mais longo, seria diferente do da ida. Nosso destino era Spitzkoppe, infelizmente nossa última parada na Namíbia.
Spitzkoppe, considerada a Matterhorn da Namíbia, é um conjunto de montanhas de granito que se erguem do plano do deserto Namib, entre Swakopmund e Usakos. Dentro do parque, além de toda a natureza a se explorar, existem também pinturas rupestres executadas pelos bushmen que habitavam a região, datadas em no mínimo 2000 anos de idade. As atrações principais são o painel “Small Bushman Paradise” e o conjunto de pinturas “Bushman paradise”, que inclui diversas pinturas de humanos e animais da fauna local, como rinocerontes, girafas, leões e cobras.
Figura de um rinoceronte e duas figuras antropomórficas no Bushman Paradise. 
Figura antropomórfica com rosto branco e adereços na cabeça. 
Golden Snake Cave • Parece que um pedaço da pintura foi arrancado, mas na realidade quem pintou a cobra listrada propositalmente fez o desenho para parecer que ela se esconde e reaparece.
Para acessar certos locais do parque, especialmente as pinturas, é recomendada a presença de um guia, o que também gera renda para a população local. Fomos acompanhados por Benji, que na época tinha vinte e poucos anos, morador da pequena vila em frente ao parque. E algum momento da visita vimos uma cobra-zebra, uma espécie de naja que cospe seu veneno quando ameaçada. É uma espécie difícil de ver, já estávamos satisfeitos quando Benji nos pergunta: “quer que eu deixe ela brava pra vocês verem ela se abrir?” Educadamente declinamos, mas ele ainda assim tacou uma pedrinha perto dela, que imediatamente subiu e se abriu em posição de defesa. Não sei se ela cuspiu veneno, só sei que felizmente não foi na nossa direção.
É possível acampar dentro do parque, existem diversos bolsões limpos entre as pedras e na hora da chegada simplesmente escolhemos um que estava livre. Os chuveiros e banheiros com água ficam na entrada do parque, e perto dos acampamentos existem banheiros ecológicos. A noite não existe qualquer iluminação, portanto recomendo levar lanternas, e aproveitar a visão do céu que ausência de poluição luminosa proporciona. Os diversos animais que habitam o local não incomodam, e descobrimos que existem inclusive leopardos (pois é… Mas só descobrimos depois de dormir uma noite lá e ver que tudo bem.)
Foi nesse cenário que Kubrick filmou a sequência “The Dawn of Man”, em tradução livre “O amanhecer do homem”, do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço. Infelizmente eu não sabia disso na época e não coloquei minhas habilidades de atriz em ação para fazer um remake; talvez tenha sido melhor assim. No dia de partir, nos levantamos cedo para registrar Spitzkoppe logo ao amanhecer.
Au Bout du Monde 